Depois de mais de 30 anos de casamento, três filhos, três netos, 12 anos servindo em ministérios de família e dois mestrados em terapia familiar, Bernie e eu podemos dizer com toda honestidade que um dos aspectos mais desafiadores do nosso casamento tem sido a intimidade física. Ao nosso redor, há mensagens distorcidas sobre sexualidade e “conselhos” e modelos de comportamento extremamente inadequados. Por isso, não é de se estranhar que muitas vezes nos sintamos confusos, vulneráveis e até perdidos quando o assunto é nossa intimidade sexual.
Ao longo dos anos, lemos livros, participamos de retiros de casais e até respondemos a perguntas difíceis sobre sexualidade em nossos próprios seminários. Durante um tempo, pensávamos que a Bíblia falava pouco sobre o tema — exceto pela poesia vibrante do Cântico dos Cânticos. Mas um dia fomos inspirados a aplicar os conceitos de amor de 1 Coríntios 13 à nossa intimidade sexual. Logo descobrimos que esse famoso “capítulo do amor” está repleto de princípios extraordinários, capazes de transformar o ato de fazer amor em algo profundamente espiritual — um presente de casamento maravilhoso, exatamente como Deus o planejou para nós.
O amor é paciente
É interessante que Paulo escolha a paciência como o primeiro princípio em sua descrição poética do amor. À primeira vista, a paciência pode parecer uma escolha curiosa — por que não a bondade, ou o perdão? Mas a paciência reúne em si uma coleção de virtudes amorosas.
Ser paciente com o parceiro nasce de um profundo respeito por suas necessidades e preferências. A paciência é uma forma de ser bondoso, atencioso, humilde, altruísta e equilibrado. Quando alguém é impaciente conosco, geralmente nos sentimos tristes, solitários, frustrados, incompreendidos, envergonhados, pressionados e insuficientes. Em vez de nos aproximar, esses sentimentos negativos acabam nos afastando.
A paciência é um ingrediente essencial do ato de amar. Ser paciente é colocar as necessidades do outro acima das próprias, esperando com carinho e calma até que o outro esteja pronto. A paciência nos impede de ficarmos irritados ou frustrados um com o outro, especialmente quando o relacionamento enfrenta desafios.
O amor se importa mais com o outro do que consigo mesmo
A intimidade funciona melhor quando marido e mulher estão focados em proporcionar um ao outro uma experiência amorosa, confortável e feliz.
O que faz meu parceiro se sentir amado e feliz é mais importante do que aquilo que me traz prazer. O altruísmo diário — fazer coisas que apoiam, encorajam e valorizam o outro — naturalmente nos ajuda a sentir mais amor e proximidade um com o outro.
O amor não deseja o que não tem
O amor se contenta com o que possui. O amor é fiel. O amor não fantasia com outros parceiros, nem deseja experiências que o outro considera desconfortáveis ou desagradáveis. O amor se concentra em tornar o relacionamento conjugal o melhor possível, para que ambos se sintam satisfeitos com o amor que compartilham.
O amor não é orgulhoso nem arrogante
O amor não é mandão nem se vangloria de suas conquistas. O amor tem um coração humilde e disposto a servir. Ele não faz amor para inflar o próprio ego, mas busca expressá-lo de modo a edificar o outro.
O amor não força o outro
Se há algo absolutamente incompatível com o amor, é o uso da força, da culpa, do abuso ou da pressão para fazer o parceiro fazer o que você quer — especialmente quando ele está relutante ou simplesmente não quer.
Às vezes, ajuda se ambos fizerem uma lista das coisas que apreciam sexualmente. Depois, troquem as listas e deixem que o marido ou a esposa escolha os itens que mais gostaria de realizar para o outro. Assim, vocês deixam claras as próprias preferências e, ao mesmo tempo, dão espaço para que o parceiro escolha o que se sente mais à vontade em fazer por você.
O amor não diz “eu primeiro”
Na verdadeira intimidade, o prazer do outro é mais importante do que o nosso. Quando cada parceiro tem como objetivo fazer o outro se sentir especial e amado, toda a experiência tende a fluir melhor.
O autor e palestrante Mark Gungor revela que o segredo para uma vida sexual bem-sucedida é ser gentil com a esposa. Ele descobriu que, quanto mais bondoso e prestativo é, mais próxima ela se sente dele. Seu cuidado atencioso desperta uma resposta amorosa.
A gentileza e a atenção diária pavimentam o caminho para uma intimidade sexual mais profunda.
O amor não perde o controle
Fazer amor nem sempre sai como planejado. É um processo complexo — especialmente para as mulheres, cujos corpos podem reagir de maneiras completamente diferentes a cada vez.
Quando as coisas não acontecem como o esperado, procure explorar outras formas de trazer conforto e prazer um ao outro, em vez de reagir com raiva ou rejeição. Experimente uma massagem suave nas costas, um abraço demorado ou beijos carinhosos pelo corpo. Ou então, procure o lado leve da situação — riam juntos, brinquem um pouco, e deixem o bom humor ajudar vocês a relaxar novamente.
O amor não fica contando os erros dos outros
O amor não se retrai para punir o outro. Fazer amor é uma maneira poderosa de ser um canal do amor e da graça de Deus para o seu parceiro. Quando o perdão é difícil e a confiança foi quebrada de forma dolorosa, ore para que o Espírito Santo cure as feridas e os aproxime novamente.
O amor não se alegra quando o outro é humilhado
A verdadeira intimidade amorosa eleva os dois. Ela não humilha nem rebaixa o outro e não implora nem manipula. O amor gosta de celebrar e honrar quem ama. Pense: o que você pode fazer hoje para celebrar e honrar o seu cônjuge?
O amor se alegra com a verdade
Nem sempre é fácil ser honesto e amoroso ao falar sobre a intimidade, pois é uma área sensível e vulnerável do relacionamento. Mas pode ser muito útil dizer algo como: “Eu gosto muito quando você…” ou “É tão bom quando você…”.
O amor tudo suporta
Diversas fases e desafios da vida podem afetar profundamente a intimidade do casal. Gravidez, cansaço, filhos pequenos, doença, tristeza ou sobrecarga de trabalho são apenas alguns exemplos de situações que podem interferir. Mas o amor verdadeiro é paciente, gentil e busca novas formas de demonstrar cuidado e de se conectar intimamente, mesmo nos momentos difíceis.
O amor confia sempre em Deus
Deus se importa com o seu casamento e deseja que ele seja o melhor possível. Ele quer abençoar vocês por meio da intimidade sexual. No entanto, quando surgirem obstáculos ou desafios, procure ajuda o quanto antes. Também pode ser útil ler livros como Rekindling Desire, de Barry e Emily McCarthy.
O amor sempre procura o melhor
Se algo não sair como o esperado, escolha acreditar no melhor sobre o seu parceiro e sobre si mesmo. E, depois de fazer amor, não se esqueçam de agradecer um ao outro. Compartilhem o que mais gostaram na experiência — isso ajuda vocês a se conhecerem melhor e a aprofundarem a intimidade.
O amor não olha para trás
Em vez de se prender aos erros do passado ou desejar o que já foi, o amor olha para novas possibilidades de intimidade. Reservem um tempo para listar e compartilhar três esperanças para o relacionamento íntimo de vocês — e trabalhem juntos para torná-las realidade. Uma boa fonte de ideias criativas é o site thedatingdivas.com, administrado por mulheres cristãs que ajudam casais a fortalecer o casamento com sugestões de encontros e experiências íntimas.
O amor persevera até o fim
O amor encontra maneiras de agradar e encantar o outro, mesmo quando os corpos envelhecem e ganham tons prateados. Muitos casais mais velhos continuam desfrutando dessa jornada em constante transformação — um presente de Deus, cheio de prazer e ternura mútua.
O amor jamais morre
Mas, por enquanto — até que chegue a plenitude — temos três coisas a fazer para nos conduzir até lá:
– confiar firmemente em Deus,
– esperar sem vacilar,
– amar de forma extravagante.
E o maior desses três é o amor.
Karen Holford é diretora do Ministério da Família da Divisão Transeuropeia.
